Com a palavra… Juliana Campanati, enfermeira chefe e responsável pelo setor de vacinas do CEPEM

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Estar em dia com o calendário de vacinas facilita o controle e a erradicação de doenças que podem ser prevenidas, além de evitar o risco da transmissão de vírus e bactérias para pessoas mais vulneráveis. Boa parte da população não sabe, mas a imunização não é feita somente durante a infância. A caderneta de vacinação adulta contempla as doses que devem ser tomadas dos 20 aos 59 anos, incluindo a gestação. Abaixo, Juliana Campanati, enfermeira chefe e responsável pelo setor de vacinas do CEPEM, esclarece mais sobre o tema:
 
1) Por que precisamos de vacinas até mesmo na fase adulta?

É preciso ter em mente que a vacinação vai além da prevenção individual, é um dever enquanto cidadão. Ao se vacinar, você está ajudando toda a sociedade a diminuir os casos de determinadas doenças e evitar possíveis epidemias. Dito isso, a vacinação compreende uma proteção que deve ir desde a infância até a terceira idade. O sistema imunológico sofre alterações durante toda a vida. À medida que os indivíduos envelhecem, o sistema imunológico torna-se menos eficaz. Ele perde a sua capacidade de distinguir o que é próprio do corpo e o que não é (ou seja, não é capaz de identificar antígenos estranhos). E, consequentemente, os distúrbios autoimunes tornam-se mais frequentes. Embora a quantidade de anticorpos produzidos em resposta a um antígeno permaneça basicamente a mesma, os anticorpos se tornam menos capazes de aderir aos antígenos.
 
2) Em sua opinião, ainda há muito desconhecimento em relação ao calendário de vacinação adulta? Por qual motivo?

Sim. A primeira delas é que muita gente acredita que vacina é apenas para criança, desconhecendo que existe um calendário específico para quem tem a partir de 20 anos. Além disso, há quem tenha medo das reações. Algumas eventuais, como dor no local da aplicação e febre baixa, até ocorrem, mas a doença é sempre mais grave do que os eventos adversos que a vacina pode causar.

O importante é o profissional de saúde estar bem preparado para informar e orientar. Como muitas doenças estão controladas, as pessoas acham que não precisam se imunizar. A maioria só vai atrás quando as notícias começam a aparecer com mais frequência e, principalmente, quando ocorrem mortes, como aconteceu com o sarampo e a febre amarela.

Para contornar essa situação, recomenda que se façam parcerias e a realização de palestras sobre o tema. Médicos, em especial os mais respeitados, também precisam alertar a população, seja em seus consultórios ou nos meios de comunicação. Outra orientação é o reforço das parcerias com creches e escolas, ambientes que potencializam a mobilização sobre a vacina por envolver também o núcleo familiar.
 
3) Quais são as vacinas que contemplam o calendário do adulto?

– Hepatite A: duas doses, no esquema 0 – 6 meses de acordo com a situação vacinal;

– Hepatite B: três doses, no esquema 0 – 1 – 6 meses de acordo com a situação vacinal;

– Hepatite A e B: três doses, no esquema 0 – 1 – 6 meses de acordo com a situação vacinal;

– HPV: três doses, no esquema 0 – 1 a 2 – 6 meses. (Duas vacinas estão disponíveis no Brasil: HPV4, licenciada para meninas e mulheres de 9 a 45 anos de idade, bem como meninos e homens de 9 a 26 anos; e HPV2, licenciada para meninas e mulheres a partir dos 9 anos de idade);

– Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola): duas doses da vacina acima de 1 ano de idade, com intervalo mínimo de um mês entre elas. Para adultos com esquema completo, não há evidências que justifiquem uma terceira dose como rotina, podendo ser considerada em situações de surto de caxumba e risco para a doença;

– Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (difteria, tétano e coqueluche) – dTpa ou dTpa-VIP Dupla adulto (difteria e tétano): com esquema de vacinação básico completo, reforc?o com dTpa a cada dez anos. Com esquema de vacinação básico incompleto, uma dose de dTpa a qualquer momento e completar a vacinac?a?o ba?sica com dT (dupla bacteriana do tipo adulto) de forma a totalizar tre?s doses de vacina contendo o componente teta?nico. Não vacinados e/ou histórico vacinal desconhecido: uma dose de dTpa e duas doses de dT no esquema 0 – 2 – 4 a 8 meses. Para indivíduos que pretendem viajar para pai?ses nos quais a poliomielite e? ende?mica, recomenda-se a vacina dTpa combinada a? po?lio inativada (dTpa-VIP). A dTpa-VIP pode substituir a dTpa;

– Varicela (catapora) para suscetíveis: duas doses com intervalo de um a dois meses;

– Influenza (gripe): dose única anual;

– Meningocócicas conjugadas ACWY/C: uma dose. A indicação da vacina, assim como a necessidade de reforços, vai depender da situação epidemiológica;

– Meningocócica B: duas doses com intervalo de um a dois meses. A indicação vai depender da situação epidemiológica;

– Febre amarela: não há consenso sobre a duração da proteção conferida pela vacina. De acordo com o risco epidemiológico, uma segunda dose pode ser considerada pela possibilidade de falha vacinal;

– Pneumocócicas: a vacinação entre 50-59 anos com VPC13 fica a critério médico. Esquema sequencial de VPC13 e VPP23 é recomendado rotineiramente para indivíduos com 60 anos ou mais. Esquema sequencial de VPC13 e VPP23 e? recomendado para indivi?duos portadores de algumas comorbidades;

– Herpes zóster atenuada: uma dose. Licenciada a partir dos 50 anos, ficando a critério médico sua recomendação a partir dessa idade;

– Dengue: licenciada para adultos até 45 anos. Recomendada para adultos soropositivos. Esquema de três doses com intervalo de seis meses (0 – 6 – 12 meses).
 
4) A gestante tem um calendário vacinal específico? Quais são essas vacinas?

Sim!

Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (difteria, tétano e coqueluche) – dTpa ou dTpa-VIP Dupla adulto (difteria e tétano) – dT:

Previamente vacinada, com pelo menos três doses de vacina contendo o componente tetânico: uma dose de dTpa a partir da 20ª semana de gestação, o mais precocemente possível;

Em gestantes com vacinac?a?o incompleta tendo recebido uma dose de vacina contendo o componente tetânico: uma dose de dT e uma dose de dTpa, sendo que a dTpa deve ser aplicada a partir da 20ª semana de gestac?ão, o mais precocemente possível. Respeitar intervalo mi?nimo de um me?s entre elas;

Em gestantes com vacinac?a?o incompleta tendo recebido duas doses de vacina contendo o componente tetânico: uma dose de dTpa a partir da 20ª semana de gestação, o mais precocemente possível;

Em gestantes não vacinadas e/ou histórico vacinal desconhecido: duas doses de dT e uma dose de dTpa, sendo que a dTpa deve ser aplicada a partir da 20ª semana de gestação. Respeitar intervalo mínimo de um mês entre elas;

– Hepatite B: três doses, no esquema 0 – 1 – 6 meses;

– Influenza (gripe): dose única anual;
 
5) E os idosos?

O grupo possui um calendário especial para mais de 60 anos, as vacinas que cobrem o calendário vacinal são:

– Influenza (gripe): dose única anual;

– Pneumocócicas (VPC13) e (VPP23): iniciar com uma dose da VPC13, seguida de uma dose de VPP23 seis a 12 meses depois, e uma segunda dose de VPP23 cinco anos após a primeira;

– Herpes zóster: uma dose;

Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (difteria, tétano e coqueluche) – dTpa ou dTpa-VIP Dupla adulto (difteria e tétano) – dT: atualizar dTpa independente de intervalo prévio com dT ou TT. Com esquema de vacinação básico completo, reforc?o com dTpa a cada dez anos. Com esquema de vacinação básico incompleto, uma dose de dTpa a qualquer momento e completar a vacinac?a?o ba?sica com uma ou duas doses de dT (dupla bacteriana do tipo adulto) de forma a totalizar tre?s doses de vacina contendo o componente teta?nico. Não vacinados e/ou histórico vacinal desconhecido, uma dose de dTpa e duas doses de dT no esquema 0 – 2 – 4 a 8 meses;

– Hepatite A: após avaliação sorológica ou em situações de exposição ou surtos. Duas doses, no esquema 0 – 6 meses;

– Hepatite B: três doses, no esquema 0 – 1 – 6 meses;

– Hepatite A e B (com recomendação): três doses, no esquema 0 – 1 – 6 meses;

– Meningocócicas conjugadas ACWY/C: uma dose. A indicação da vacina, assim como a necessidade de reforços, vão depender da situação epidemiológica;

– Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola): uma dose. A indicação da vacina, assim como a necessidade de reforços, vão depender da situação epidemiológica.
 
6) Em casos de epidemias (como a de sarampo), é preciso tomar a vacina novamente?

Sim, mesmo quem tomou quando criança, nem todo mundo foi imunizado no passado. A vacina contra o sarampo está disponível desde a década de 1970 na rede pública, mas era aplicada aos 9 meses de idade. E, hoje, essa dose não entra na conta por ser menos efetiva. O sarampo é uma doença extremamente grave, infecciosa com uma grande possibilidade de complicações, a vacina está disponível até 49 anos para toda a população.
 
7) Sobre as doses de vacina, quais precisam ser tomadas apenas uma vez e quais devem ser tomadas com uma periodicidade?

As vacinas de dose única são:
– Pneumonia 13;
– Herpes Zoster (a partir de 50 anos);
– Meningocócicas conjugadas ACWY/C.

Com periodicidade:
– Influenza (gripe): anual;
– DTPa ( difteria, tétano e coqueluche): a cada 10 anos;
– Pneumonia 23: a cada 5 anos.
 

O CEPEM oferece todas as vacinas contempladas pelo calendário adulto. Indique o Centro de Vacinas CEPEM para os seus pacientes: (21) 2266-8000.

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